sábado, 24 de outubro de 2009

Crítica: O Menino do Pijama Listrado



Poderia ser apenas mais uma história sobre o Holocausto e os sofrimentos da Segunda Guerra, mas o filme vai além. Busca inspiração no best-seller de John Boyne (foto) para contar a história do maior crime da história da humanidade sob um ponto de vista pouco explorado: o de uma criança alemã.

“O Menino do Pijama Listrado” conta a história de Bruno, um menino de oito anos de Berlim que se muda com a família para as proximidades de um campo de trabalho nazista, administrado pelo seu pai. Com a inocência de uma criança, não entende porque os “fazendeiros” têm uma face estranha de sofrimento e passam o dia de “pijama”.

Bruno então começa a ir escondido até a cerca do campo, e conhece Shmuel (ou Shmu, no filme), um garoto judeu de sua mesma idade, o personagem que dá nome ao livro e sua adaptação. Uma amizade improvável nasce, como só acontece com as crianças de coração puro, através da cerca.

Mas a história não se restringe aos dois garotos protagonistas; a família é ponto crucial da história para se entender o sentimento do povo alemão durante a Guerra: o pai, membro das SS e comandante do campo de trabalho, que acredita que a repressão do campo levará a Alemanha à vitória; a mãe, que vê calada o sofrimento judeu, mas depois começa a questionar o meio nazista para vencer; e por fim a irmã mais velha, símbolo de uma juventude cegada pelos ideais racistas de Hitler.

Com um roteiro bem amarrado, fotografia e trilha sonora perfeitas e atuações convincentes, “O Menino do Pijama Listrado” me surpreendeu. Não é de modo algum “uma tentativa de aproveitamento comercial de uma história triste, porém batida”, como argumentado pela crítica Isabela Boscov da Revista Veja.

Na realidade, assim como o preconceito cegou milhões de alemães durante a Segunda Guerra, me deixei levar pelo preconceito após a declaração mencionada e resisti um pouco antes de assistir o filme. Fui pego de surpresa. Tocante, mas ao mesmo tempo levemente perturbador, o filme é uma verdadeira ode à amizade, que também nos alerta para não deixarmos voltar à tona o fantasma da intolerância nazista.

Nota: 8/10. Disponível em DVD.

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