sábado, 26 de dezembro de 2009

Titanic, doze anos depois


Graças a todo o hype sobre “Avatar” nestas últimas semanas, uma data no último fim de semana acabou passando meio despercebida, e ela merece ser lembrada, até porque pode nos ajudar a entender o porquê de todo o clamor em volta do novo trabalho de James Cameron. No último sábado, dia 19 de dezembro, completaram-se doze anos do lançamento de “Titanic” nos cinemas.

Nada melhor do que o julgamento do tempo para avaliar o impacto que este filme teve na história do cinema. Olhando mais de uma década para trás, ainda é assustadora a popularidade da película. Um orçamento recorde de US$ 200 milhões, para o qual Fox e Universal tiveram de unir forças para levar adiante – resultando na maior bilheteria da história, recolhendo mundialmente US$ 1,84 bilhão. Isso numa época em que não existiam salas de cinema 3D cobrando ingressos a 20 dólares.

No quesito de premiações, é muito difícil algum filme superar Titanic. Ok, os seus 11 Oscars foram igualados cinco anos depois por “O Senhor dos Aneis – O Retorno do Rei”. Mas conquistar mais que isso, ou pelo menos igualar as 14 indicações do filme de James Cameron parece quase impossível.

Mesmo assim, é inexplicável o sucesso de Titanic. Partindo da desconfiança geral da crítica, de um filme tão caro e rodado na água (o que quase sempre é sinônimo de fracasso de bilheteria), até arrecadar um bilhão de dólares em apenas três meses de exibição, é no mínimo um absurdo.

Olhando para o filme, podemos dizer que seu sucesso se deve a um conjunto de bons detalhes. Começando por uma história rica como a da mais conhecida tragédia marítima, mas focalizando em um romance que beira ao de um conto de fadas. E se tem algo que James Cameron provou com este filme (bem como com o recente Avatar) é que o que é realmente importante não é a originalidade do enredo, mas sim a forma como a história é contada.

Temos como protagonistas dois nomes muito interessantes: Kate Winslet, candidata a nova rainha do teatro britânico e estrela de filmes independentes, o que atraía um público mais maduro; e Leonardo DiCaprio, que só veio a se tornar ídolo das adolescentes após este filme – antes disso, havia feito papeis difíceis em filmes dramáticos como “Gilbert Grape”, “O Despertar de um Homem” e na incompreendida adaptação para os nossos dias de “Romeu e Julieta”. Se para a primeira, Titanic representou seu primeiro grande reconhecimento, para o último foi o pontapé inicial para uma carreira comercial bem-sucedida, pontuada por excelentes atuações.

No lado técnico, a mistura perfeita entre o uso de maquetes e miniaturas e a aplicação de computação gráfica, da maneira como James Cameron sabe fazer muito bem, fazendo parecer o mais real possível. Por exemplo, na sequência em que DiCaprio está na proa do navio e grita a célebre frase “I am the king of the world!”, ninguém acreditaria que tudo foi feito em computação gráfica, pois detalhes como as aves, os golfinhos e o movimento das ondas são perfeitamente críveis.

Além de tudo isso, há ainda a trilha sonora sublime de James Horner, que culmina com a música “My Heart Will Go On” na voz de Celine Dion, que levou Titanic a também deter o recorde de trilha sonora mais vendida da história: 27 milhões de cópias no mundo todo. E, para coroar, James Cameron e seu perfeccionismo para criar uma obra-prima, se envolvendo em cada mínimo detalhe, como produtor, roteirista, diretor e editor.

Cameron gritar “I am the king of the world!” após levar o 11º Oscar de Titanic soou como arrogância e soberba para muita gente na época. Mas, convenhamos: quem não faria isso depois de criar algo como Titanic?

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